sexta-feira, 20 de março de 2009

Santo de casa

A pedido da minha colega Dilea...



Santo de casa

A inspiração para esse texto vem depois de ler a coluna da Yara Lampert, que escreve para um jornal de Três de Maio. Na coluna ela escreve “pior que ser mal empregado profissionalmente é ser desacreditado quanto ao seu potencial. Não é de hoje que ouvimos o ditado popular ‘santo de casa não faz milagre’”. Frasesinha bem certa essa.
Passei por isso já, ainda passo às vezes e não serei a última a passar, com certeza. Hoje vejo colegas, amigos, estudando inglês, fazendo faculdade, outros pós e alguns até mestrado, nas mais diversas áreas. E aí eu penso. “Todos um dia teremos que ir embora da cidade que nascemos”. Por quê? Para sermos vistos como profissionais, para sermos reconhecidos e respeitados, do contrário, a única imagem que os donos de empresas conservarão na cabeça é a imagem de quando éramos criança e brincávamos na praça. Infelizmente é assim.
Depois que nos convencemos disso, geralmente após tentar muitas vezes buscar espaço no mercado das nossas cidades, depois de relutar, aceitamos ir embora. Lá se vai o fulano trabalhar longe da cidade natal. Lá longe, ele é reconhecido, respeitado e valorizado. Ao saber disso, alguns comentam na cidade. “Lembra do fulano, aquele que é gerente na empresa tal?. Ele era meu visinho.”. O outro diz. “o gerente daquela empresa foi meu aluno, hoje ele é ‘o cara’”, aí outro diz “uma vez o fulano que hoje é gerente lá me pediu emprego e eu não dei. Contratei um cara de fora que não tinha um relacionamento muito próximo aos clientes por que ele vinha de uma cultura diferente da nossa cidade”. Aí é tarde para querer reconhecer o bom trabalho do Seu fulano.
Quantos de nós um dia, falávamos que gostaríamos de trabalhar na maior empresa que tem na cidade da gente e quando nos formamos e especializamos em algo, sequer deram atenção ao nosso currículo?
Triste realidade, mas fazer o que. Assim como o santo de casa não faz milagre em Três de Maio, pode fazer em Catuípe, ou o santo de Santa Rosa não faz milagre aí, mas pode fazer em Três de Maio. A vida é assim, cíclica. Como diz na coluna da Yara, “bons profissionais devem ser valorizados sempre, não importam de onde venham Mas primeiro devemos valorizar o que temos em casa. Caso contrário, só nos resta ficar na torcida de que nossos filhos sejam tão bem recebidos no mercado lá de fora como os que aqui chegam”.
De fato é isso. Vamos torcer para que no futuro as coisas se modifiquem ou nossos filhos tenham mais paciência que nós, para modificar. Aos profissionais de fora que são valorizados, parabéns, aos de casa, minha avó diria, se é que seve de consolo, “o que seu está guardado”.

Um comentário:

  1. Muuuito obrigada!
    Pior é que tudo é verdade. A gente sempre é filho do fulano nas nossas cidades, nunca o profissional. Espero que tua vó tenha razão, mas o meu deve tá bem guardado pq ainda não achei rsrsrs.
    Bjos, bom findi!

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