terça-feira, 28 de julho de 2009

Julgar

O verbo mais conjugado e mais aplicado pelas pessoas. Você conhece alguém, convive com esse alguém e depois de um tempo se afasta dessa pessoa, seja por vontade própria, seja por um erro que o outro cometeu, ou seja, por rumos diferentes na vida.
Quando nos afastamos por vontade própria, por entender que a amizade faz mal e não bem ou que a pessoa que você convivia não lhe fazia sentir ou pensar coisas boas. Cabe a nós, apenas sair de cena numa boa e manter o silêncio e quando questionados sobre o porque do distanciamento, devemos ser respeitosos e dizer apenas. “Não deu mais certo”, ou “Era melhor assim para todos”.
Quando nos afastamos de alguém porque esse alguém cometeu um erro grave, a postura tem que ser a mesma. De respeito, pois não é um erro que define a personalidade ou o caráter de uma pessoa. E não é porque a pessoa cometeu o erro que temos o direito de cair em cima dela, crucificando e expondo ela diante de outras pessoas. Esse tipo de atitude merece a forca e acontecem muito.
Exemplo 1- O namorado sempre foi um cara bacana, te tratou bem, foi educado, prestativo e carinhoso. Mas, um belo dia ele pisou fora do trilho (ou disseram a você que ele pisou) e você apaga da sua memória tudo o que de bom ele fez por você e julga ele como um monstro, o homem mais sem caráter do mundo, aquele que merece queimar no inferno e sequer ouve o que ele tem a dizer
Exemplo 2- Uma amiga sempre te apoiou em tudo, foi sua ouvinte, ajudou você a passar pelos piores problemas, sempre esteve ali quando você precisou e um dia ela erra, (ou dizem que ela erra) e aí o que você faz? Julga. Conta para todo mundo todas as confidências que ela fez a você, expõe a vida dela, conta por aí coisas particulares, ignora a criatura quando a vê e deseja a infelicidade eterna dela.
Exemplos reais, coisas que acontecem todos os dias. Exemplos de atitudes que algumas vezes tomamos sem pensar, outra que estão muito bem pensadas e planejadas. Atitudes que não medimos. Não pensamos como o outro vai se sentir, de que forma o outro vai reagir. Não queremos ouvir, não queremos saber, não nos interessa justificativa alguma, pois o que queremos apenas é? Julgar. Até nos achamos meio deuses às vezes. Sentimo-nos no direito de atrapalhar a vida de quem por infantilidade, burrice, dia de bobeira ou período difícil da vida nos fez algum mal e não lembramos que as pessoas se arrependem; que as pessoas cometem erros e muito menos nos lembramos de ouvir justificativas das pessoas.
Enfim, nós somos muito bons em julgar, mas péssimos em ouvir. Somos ótimos na arte de apontar o dedo e péssimos na arte de estender a mão. Somos graduados em apedrejar e analfabetos em perdoar. Somos ignorantes e perfeitamente capazes e trucidar, mas sofremos de amnésia quando precisamos reconhecer ou cogitar que podemos estar errados ao julgar alguém.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

MSN (mexa somente o necessário)

O MSN é uma ferramenta muito bacana que a internet nos trouxe. Através dele podemos conversar com pessoas que estão em qualquer lugar do mundo, sem gastar nada. Ele é ótimo quando queremos resolver um assunto com uma pessoa e não queremos ligar para ela, afinal, telefone é caro.
Muitas empresas deixam que funcionários acessem livremente o MSN, até porque, em alguns casos, ele é ferramenta de trabalho. Mas tem uma coisa. Quando a pessoa abusa, não sabe mais qual o limite, fica mais no MSN que de fato trabalha, a produção cai, os prazos não ao cumpridos. Como agir? Líderes empresariais se deparam em situações constrangedoras certas vezes, uma baita dor de cabeça, afinal, o mínimo que se espera de uma pessoa é que ela tenha bom senso ao utilizar o MSN.
A gente acha que só os mais jovens esquecem de trabalhar e ficam de papo no MSN. Nada disso, tem muito barbado por aí que esquece a vida no horário de expediente e não enxerga nada que acontece a sua volta porque está com o nariz enfiado no MSN. Vou dar um exemplo. Cheguei numa empresa esses dias para comprar um material que eu compro todos os meses. A vendedora não me atendeu pois estava “ocupada” no MSN, então, uma colega que não tem nada a ver com o setor de vendas veio até mim. Pedi o que eu queria e a moça, claro, não sabia ao certo como era a especificação do produto que eu queria, porque ao que tudo indica, a vendedora deveria saber, pois é ela que está habituada a vender o produto.
Como ela estava muito ocupada, a outra moça começou a me mostrar os produtos e eu dizia “não é esse, é assim, assim e assim”. Ela volta para o estoque e buscava outro. E eu dizia “também não é esse”. E a vendedora no MSN, super concentrada. Na quarta tentativa a menina acertou o tipo de material que eu queria, aí me vi obrigada a perguntar. “Vocês não têm registrado isso no sistema? Eu compro todo mês”, e ela me disse que sim, mas que ela não tinha acesso ao sistema, pois era responsabilidade dos vendedores. “Ah ta... vendedores...”.
Esta não foi à primeira situação que eu me deparei. Já tive que esperar muito em outros lugares para ser atendida porque o ou a atendente estava terminando um papinho super útil no MSN com alguém.
Eu não sou contra a utilização do MSN em empresas, não vejo nada de ruim, eu também uso, mas é preciso bom senso das pessoas. Depois de perderem os empregos, espaço no mercado e ficarem com a imagem marcada pelos excessos virtuais não adiantam chorar. Jovens, que estão começando no mercado precisam ser bem instruídos e é natural que as vezes tenham que ter a atenção chamada, mas quem já se considera adulto, ter a atenção chamada ou não ter um pingo de bom senso nessas horas, é mesmo “para acabar”.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Descaso cultural

Em período de Feira do Livro, em Gramado é que alguns questionamentos me vieram à cabeça. Quantos de nós gostaríamos de ter a oportunidade de estar lá, entre livros e escritores, entre obras e diversidades culturais? Muitos creio eu. Eu mesma gostaria de poder estar entre aquelas pessoas que assim como eu adoram ler, mas que para ter acesso a um livro do Mário Quintana, por exemplo, precisam caminhar muito e esperar mais um tanto para poder conseguir comprar um. Lá não, você quer um livro? Vai à feira ou ao shopping. Livrarias imensas que deixam você com a louca vontade de sentar no corredor e ler vários daqueles títulos.
Claro que muito da culpa por não termos livrarias forradas de coisas boas na nossa região, é nossa mesma, afinal, poucos têm o hábito da leitura, com isso, comerciantes não conseguem se manter. Não é meia dúzia de leitores que vai sustentar um empreendimento.
Somos culpados por nossa pouca oportunidade de viver num meio de variedade cultural. Somos nós mesmos os culpados por não termos cinema, teatro, exposições e livrarias. Somos os culpados porque quando essa oportunidade nos é dada, nós não freqüentamos esses lugares. Pensamos sempre. “Não vou sair do sofá da minha casa para ver uma peça de teatro, naquelas cadeiras desconfortáveis. Não vou sair do meu cantinho pra ver um filme que daqui seis meses (ou mais) chega à locadora e tão pouco vou sair do conforto da minha casa pra ver aquela exposição de fotos de um cara ou de uma pessoa que eu sequer conheço ou que não vou com a cara” Tudo bem, não quer sair de casa, mas me pergunto outra coisa. Sua vida se baseia em trabalho e casa? Porque para jogar futebol os homens saem até abaixo de “chuva de canivete” e porque para pintar o cabelo as mulheres abdicam até do horário de almoço se for necessário?
Nada contra o futebol, ele é importante também, nada contra pintar o cabelo, as pessoas devem sim fazer o que as deixam felizes e melhoram a auto-estima. Mas cá entre nós. Um dia na sua vida sem umas dessas coisas, não vai deixar você deprimido.
A cultura, a busca por ela e a incessante necessidade de se sentir por dentro das coisas que acontecem no mundo, motivam milhares de pessoas a ter no orçamento familiar, por exemplo, mensalmente uma graninha para comprar um livro. Se permitir ter acesso a poesias, a textos, filmes e a arte de outras pessoas nos oportunizam conhecer o universo e ver a vida de outras formas, de novos pontos de vista. Não é feio homem gostar de poesia e mulher achar o máximo, filmes de época. Feio são as pessoas nos oferecem oportunidades de ter acesso a diferentes tipos de cultura e em alguns casos de forma gratuita e mesmo assim preferirmos ficar em casa vendo Super Pop
Como prova disso, gostaria de contar uma história sobre essa falta de prestígio e importância que as pessoas dão para as variadas expressões culturais. Certa vez eu e um colega organizamos uma instalação fotográfica. Convidamos empresários, colegas da imprensa, amigos, a comunidade, todas as pessoas que achávamos que se interessaria em algo que até então não havia acontecido em Três de Maio nos últimos anos. Para nossa surpresa, uns vinte ou trinta apareceram e muitos disseram que iriam e nos 15 dias de instalação, sequer deram as caras. Descanso com nós dois? Falta de prestígio nosso como profissionais? Não. Acho que o descaso foi com eles mesmos. Todos que deixaram de ir perderam algum coisa. Ou perderam de conhecer um pouco mais sobre a fotografia, ou perderam tempo assistindo a novela das 20h. O descaso com a cultura é mais deprimente que ver TV de pijamas um domingo à tarde. A cultura nos é oferecida seja em Porto Alegre, Três de Maio, Santa Rosa, Ijuí. Seja na cidade de cinco mil habitantes, ou na de 200 mil. Falta-nos interesse em sairmos de dentro de nossas bolhas e respirarmos e nos depararmos com novidades.
Acho lindo como as pessoas dizem por aí quando questionadas sobre que tipo de livro gosta de ler e sequer sabem definir um estilo literário. Mais interessante ainda é os hipócritas que dizem por aí que o livro de cabeceira é a Bíblia e sequer sabem o que está escrito no Salmo 23. A cultura é oferecida a todos, basta termos interesse. E falando em Bíblia, tenho certeza que no princípio criou Deus o céu, a terra, mas se ele pudesse voltar atrás, criaria também pessoas menos preocupadas com o cabelo e mais com o cérebro, criaria também pessoas menos preocupadas com a potência do som do carro e mais interessadas no intelecto.
E viva o descaso com a cultura!