Atire a primeira pedra quem nunca perdeu a paciência. O cotidiano atribulado, de muitos compromissos, grandes responsabilidades mexem com o psicológico das pessoas e diante de situações difíceis: tom de voz mais alto, irritabilidade, discussões, grosseria e por fim: violência. O limite da falta de paciência é a violência.
Pois é, os meios de comunicação estão com as editorias policiais com sobra de assunto. A barbaridade e os absurdos são tantos que me sinto perdida dentro dessa realidade. Às vezes me pergunto. “Sou desse mundo mesmo?”. Sabe por que me questiono? Por que na minha infância, adolescência, nunca vi um colega de classe, por exemplo, ameaçar um professor com um canivete, nunca vi um colega bater em professor, denegrir a imagem dele utilizando-se do papel de vítima diante de alguma situação. Já, a realidade de hoje me surpreende, me assusta e principalmente faz-me pensar muitas vezes antes de constituir uma família e colocar um filho no mundo.
Tive uma criação que na minha adolescência, eu achava um “saco”. Era não isso, aquilo não, tal coisa também não. Na minha revolta natural de adolescente eu pensava: “Quando eu tiver um filho, não serei como meus pais. Vou permiti-los àquilo que meus pais não deixam”. E sabem de uma coisa. Hoje, eu não seria doida de permitir um filho meu a fazer certas coisas que meus pais me proibiam, eu teria a mesma atitude deles. E sabe por quê? Por que eu aprendi a ter limites, respeitar as pessoas e principalmente a ver minha escola como a minha segunda casa.
Quando eu era criança, adolescente, nem sonhava que um dia leria coisas nos jornais como: “Professora teve traumatismo craniado após agressão de aluna”, ou “Aluno ameaça professor com canivete”. Nossa como a inocência, os bons costumes e o respeito da minha época eram bons. Hoje, professores têm medo de trabalhar, alguns alunos, mais medo ainda de ir para escola, pois o que se vê lá, não são mais lições de matemática, química, literatura ou arte, mas sim se presencia em muitos locais, um verdadeiro terrorismo psicológico.
Procurar um culpado ou julgar quem está errado diante de situações assustadoras que estão virando rotina nas escolas resolve muito pouco. O que é necessário é que pais, professores, coordenações pedagógicas, direções e autoridades no setor de educação exerçam apenas uma arte: a de ouvir. Ouvir uns aos outros.
Aqui está outra lição que aprendi em casa e na escola. “Conversando a gente se entende”. O que isso quer dizer na rotina de uma escola. Isso quer dizer que pais precisam procurar professores quando sentem alguma dificuldade com os filhos e esses pais devem saber ouvir os professores e aceitar quando um profissional de educação diz. “Seu filho está errado.” Não adianta um pai levantar a voz com o professor, defender o filho e voltar para casa. Se for para ser assim, então que nem procurem um profissional de educação, que dêem em casa, a educação que acham ser a mais certa ou a melhor.
O outro lado da moeda também precisa ser exercido. Professores precisam chamar os pais para conversas, cobrar das famílias que participem da educação dos filhos. Um filho realmente demonstra o que será na vida, longe da família. Isso quer dizer que mostramos muitas vezes realmente quem somos longe daqueles que esperam de nós a “perfeição”. Talvez a psicologia explique melhor isso, talvez a partir deste artigo, uma discussão em torno do assunto passe a ser feita.
O que tento dizer aqui é que as palavras: participação, troca e bom senso precisam fazer parte da educação. Não adianta largar seu filho na porta da escola e pensar “os professores que se virem agora”. Assim como também está muito errado um professor tomar para si a responsabilidade incondicional de educar sozinho um ser humano. Desde que o mundo é mundo “se um não quer, dois não brigam” e se “um não quer aprender o outro não consegue ensinar”.
Não sou professora, não teria tamanha capacidade de ser. Talvez eu não fale com propriedade nesse momento sobre esse assunto. Passa longe da minha pretensão “ensinar o padre a rezar a missa”, porém, ao mesmo tempo é o meu desejo como pessoa, profissional e formadora de opinião, contribuir para um mundo melhor e pedir por uma educação mais digna. Como jornalista, espero poder noticiar mais exemplos bons, que atitudes ruins.
Queremos menos violência, mais harmonia. Desejamos mais paz e menos guerra. Necessitamos de mais fraternidade e menos atitudes covardes. Sabemos exatamente o que queremos e o que não queremos, porém, o que não sabemos é o que devemos fazer para chegar ao ponto certo. Talvez devêssemos todos voltar para a escola.